quinta-feira, 12 de julho de 2007

In Memoriam




No princípio criou Deus os céus e a terra


e a terra era sem forma e vazia


havia trevas sobre a face do abismo,


e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas

e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas


e disse Deus haja luz, E houve luz


e chamou Deus a luz dia


e as trevas chamou noite


e houve tarde e manhã


o dia primeiro

o dia primeiro

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Pelos desertos da vida



Vive a vida, dia a dia, passo a passo
Um dia, mais dia, menos dia
Uma dose, mais doce, mais dores
Um trago, mais tragos, mais estragos

Uma noite, um quarto, uma mulher
Quem é ela ? Qual o seu nome ? Quem se importa…
Pela manhã, contempla-se no espelho,
nu, pobre, cego,

Oh homem ! miserável, desvairado e louco
Até quando procurarás água
em meio a miragens ?

Não longe de ti um oásis de Água Viva,
Beba e viva
Ou morra de sede
pelos desertos da vida

Vaso de barro



Tu és pó, só, somente pó
tu és pó, pó do pó, ao pó,
tu é vaso de barro
caído, quebrado, caco
tu é fraco, eu sou forte
se fraco sou braço
sê fraco, serei forte
tu és homem, Eu sou Deus

Olhos negros


Vinte e quatro de dezembro, meia noite, natal
ando pelas ruas, vejo a luz, nas casas, nas árvores
a luz fere meus olhos, meus olhos negros

o cabelo cai sobre o rosto como cortina a fechar
sobre os meus olhos me protegendo da luz
a luz fere meus olhos, meus olhos negros

a chuva fina molha minha cabeça
me batizando na noite
noite escura como meus olhos
a luz fere meus olhos, meus olhos negros

a noite se vai, a aurora desponta,
brilhando mais e mais
eu não aguento
a luz fere meus olhos, meus olhos negros

vinte e cinco de dezembro, meia noite,
ando pelas ruas, vejo a luz, nas casas, nas árvores
a luz não mais fere meus olhos, meus olhos negros

vejo a luz brilhar, deixo luz entrar
me batizando na luz
a luz não mais fere meus olhos, meus olhos negros

vejo o dia chegar, contemplo o sol a brilhar
meus olhos são como a luz da aurora,
que brilha mais e mais até ser dia perfeito
a luz não mais fere meus olhos, meus olhos negros